Buique e Região
Alerta: Decreto que flexibiliza posse de armas no Brasil pode ser um fator de risco para mulheres
SÃO PAULO - Em 2016, 2.339 mulheres foram mortas por arma de fogo no Brasil, o que
significa, em média, metade dos homicídios de pessoas do sexo feminino naquele
ano, segundo os últimos dados disponíveis pelo sistema Datasus, do Ministério
da Saúde, em levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz. Em 11 estados, a morte de mulheres por armas de
fogo chegou a ultrapassar a média nacional.
De todas as mulheres mortas por arma de fogo, 560 foram
assassinadas dentro de casa. Para especialistas ouvidos pelo GLOBO, isso é um
indicativo de que o decreto que flexibiliza a posse de armas no Brasil pode ser
um fator de risco para as mulheres.
— A mulher não
vai se sentir mais segura com arma em casa. A arma é elemento de risco, não de
segurança. Provavelmente, elas passarão a ser mais ameaçadas em ambientes de
violência doméstica — afirma Stephanie Mori, do Instituto Sou Paz.Stephanie
afirma que, no Brasil, muitos homicídios são decorrentes de conflitos banais e
a arma cria situação de perigo não apenas para envolvidos em brigas, mas para
pessoas que estão próximas. Para a especialista, o machismo é um desafio
histórico no Brasil e muitas mulheres ainda têm medo de denunciar quando sofrem
agressão de seus parceiros.Os números mostram o
seguinte ranking, considerando a porcentagem de mortes femininas envolvendo
armas entre o total de homicídios de mulheres por estado: Rio Grande do Norte
(75.8%), Alagoas (71%), Sergipe (64,4%), Ceará (64,1%), Rio Grande do Sul
(61,7%), Pará (60,1%), Paraíba (59,8%); Bahia (59,4%), Goiás (54,9%). Espírito
Santo (53,5%) e Maranhão (52,5%).Um
estudo feito pelo Ministério Público de São Paulo entre março de 2016 e março
de 2017, em 161 municípios, mostrou que 66% das mortes por agressão, seja com
armas brancas (facas, canivetes, foices), armas de fogo ou com as próprias mãos
ocorreram dentro da casa onde a vítima morava. As armas brancas corresponderam
a 58% e as armas de fogo, 17%.
O Globo